sábado, 24 de agosto de 2013

O ATIVISMO DE SOFÁ, A PUBLICIDADE E O GATO PRETO.


Até a noite desta terça-feira, dia 5, o comunicado da Volkswagen postado um dia antes informando que irá retirar do ar o comercial “Superstição” por conta das manifestações acerca do tema tinha 1.390 comentários. Por curiosidade, dei uma espiada em alguns deles e logo desisti tamanho era o desfile de grosserias e a falta de um nível mínimo de educação entre os próprios supostos defensores dos gatos sobre o assunto que ficam trocando ofensas em uma discussão vazia e sem sentido. Os rápidos e eficientes ativistas dos direitos dos felinos que viram na peça publicitária criada pela agência da montadora, a AlmapBBDO, uma incitação à violência e ao preconceito contra os gatos pretos encontraram nas redes sociais uma ótima caixa de ressonância para seus radicalismos. Não são só eles, aliás. As redes sociais amplificam para o bem e para o mal qualquer tipo de opinião, especialmente as mais deselegantes, expondo pessoas e tornando as marcas mais vulneráveis.
A maneira que a Volkswagen encontrou para lidar com as manifestações foi retirar o comercial do ar. O filme em questão brinca de forma bem humorada com um elemento que faz parte da bagagem cultural de todo mundo que é a associação do gato preto ao azar e em nenhum momento estimula os maus tratos aos bichanos. Mas, como para quem tem um martelo na mão tudo o que encontra pela frente parece prego, o comercial provocou a ira das entidades protetoras dos gatos.
É incrível como a crescente intolerância do ser humano diante dele próprio, cujas demonstrações são diárias na nossa sociedade, não provoca tamanha reação nas pessoas. Esse excesso de puritanismo que vê no politicamente correto um escudo e uma forma para chamar a atenção para causas menores, além de demonstrar uma total falta de bom senso de parcela da nossa sociedade, é algo que veio para ficar e que se tornou ainda pior com as redes sociais. Um desafio e tanto para a publicidade. Agências e clientes, é claro, têm que ser responsáveis com o teor daquilo que veiculam, mas estão ficando cada vez mais com seu espaço para brincadeiras, piadas e bom humor – todos elementos que sempre fizeram parte do DNA da publicidade  brasileira – mais estreito. E também mais chato e sem graça.

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